Políticas públicas de saúde

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terça-feira, 1 de março de 2011

Informe ENSP - Uso indicriminado de medicamentos causa resistência ao bacilo de Koch

Informe ENSP - Uso indicriminado de medicamentos causa resistência ao bacilo de Koch

Os tratamentos para a tuberculose duram seis meses e custam em média US$ 30 por paciente. Mas curar uma pessoa que desenvolveu resistência à doença pode custar US$ 2 mil", destacou a chefe do Centro de Referência Professor Hélio (CRPHF/ENSP), Margareth Dalcolmo, em entrevista ao Jornal do Brasil. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, 440 mil casos de tuberculose resistente a medicamentos surgem no mundo, gerando uma média de 150 mil mortes.

Leia abaixo a entrevista na íntegra:

Jornal do Brasil - RJ / Saúde

O bacilo da pobreza

Números da tuberculose caíram, mas a resistência do bacilo de Koch cresceu

Os números alarmam: a cada ano, 440 mil casos de tuberculose resistente a medicamentos surgem no mundo, gerando uma média de 150 mil mortes. Quem informa é a Organização Mundial da Saúde (OMS), que reforça o alerta contra essa doença infecciosa que ataca, principalmente, os pulmões. Segundo a entidade, grande parte do problema está no uso indiscriminado de medicamentos, que acaba provocando resistência de inúmeras doenças às drogas.

No Brasil, foram notificados quase 72 mil novos casos de tuberculose em 2009, o que representa uma taxa de incidência de cerca de 37 por 100 mil habitantes, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde. De acordo com a pneumologista Margareth Dalcolmo, chefe do Centro de Referência Hélio Fraga, da Fiocruz, 0,8% dos casos de tuberculose são multirresistentes no país: cerca de 700 por ano. Ainda que o número não seja expressivo, merece atenção.

Segundo Margareth, os tratamentos para a tuberculose duram seis meses e custam, em média, US$ 30 por paciente. Mas curar uma pessoa que desenvolveu resistência à doença,pode custar US$ 2 mil. "É um tratamento até quatro vezes mais longo e usa medicamentos mais caros. Além disso, usa medicação injetável, que gera gastos com remédio, seringa, agulha, alguém que aplique, observação no posto médico e por aí vai", explica

Rocinha apresenta o maior índice da doença

Segundo Margareth, apesar da tuberculose vir apresentando declínio nos últimos 15 anos no país, os resultados ainda não são os esperados. "Hoje, a tuberculose decai, a cada ano, numa média de 2,2%, enquanto o esperado era de 5%. Ainda uma velocidade abaixo da desejável", lamenta.

A pneumologista alerta, ainda, para as marcantes variações regionais da doença. Em Manaus e no Rio de Janeiro, por exemplo, a taxa de incidência gira em torno de 70 por 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional. Somente na favela da Rocinha, a maior do Brasil, a taxa sobe para 200.

Segundo Marcus Barreto Conde, professor Instituto de Doenças do Tórax do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, a tuberculose é uma doença relacionada ao baixo índice de qualidade de vida e baixo acesso ao sistema público de saúde.

"As grandes capitais são os locais onde encontramos grandes bolsões de pobreza e, onde, coincidentemente, as taxas de tuberculose são maiores", observa.

Para Ana Glória Pires, representante da Secretaria Executiva da Parceria Brasileira Contra a tuberculose, que promove ações de combate à doença, a enfermidade ainda é alvo de muito preconceito no país.

"A tuberculose persiste porque é estigmatizada pela pobreza, porque está mais nas favelas, nos presídios e na população de rua. Apesar de ter fácil tratamento, é mais difícil trabalhar com ela do que com a AIDS, por exemplo. Isso acontece porque ainda há muito preconceito. Ter tuberculose denota que você é pobre, mora em local pouco saudável, com doentes."

Para os especialistas, o maior desafio é tratar a doença enquanto ela ainda é precoce. Mas a falta de informação adequada acaba agravando esta realidade. "Quando a gente detecta um caso, a conduta vai além do tratamento", explica Margareth.

"Cada doente diagnosticado gera, em média, quatro novos casos, envolvendo as pessoas que estiveram em contato com ele e que podem estar contaminadas. Então temos que fazer um mapeamento do caso".

Marcus adianta que é preciso ficar atento aos sinais da doença: "Todo paciente com tosse há mais de duas semanas, que emagreceu e apresenta febre, deve procurar ajuda médica, especialmente de um pneumologista".


Fonte:
http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/materia/?origem=1&matid=24327

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